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12/11/2011

Deu positivo


"Não é uma prova para especialistas. São questões básicas. Se você é atendido por um médico que não tem formação adequada, é um risco à sua vida".

Renato Azevedo
Presidente do Cremesp


Brasília, 11/11/2011 - O editorial "Deu positivo" foi publicado na edição de hoje (11) da Folha de S.Paulo:

"Trouxe alívio a recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de manter a obrigatoriedade do exame da Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício da profissão. Na área do direito, é fácil imaginar o quanto um profissional sem qualificação pode trazer de prejuízos aos interesses de qualquer pessoa.

O raciocínio pode aplicar-se, com ainda maior pertinência, ao campo da saúde. Estranhamente, contudo, resiste-se a tornar obrigatório, para os recém-formados em medicina, um exame nos moldes do realizado pela OAB.

É facultativa, com efeito, a prova de conhecimentos aplicada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

Neste ano, participaram apenas 418 alunos, dentre os que cursam o sexto ano em 25 faculdades paulistas. Já foram mais de 4.000; de 2005, ano em que o exame foi instituído, até agora, declina continuamente o número dos que dele participam.

Os resultados da prova demonstram claramente que se impõe torná-la obrigatória. Quase metade dos alunos que a prestaram foram reprovados, mostrando-se incapazes, por exemplo, de interpretar corretamente uma radiografia.

Limitou-se a questões básicas, segundo representante da Associação Médica Brasileira, o exame deste ano. Além da leitura de radiografias, tratava-se de saber medicar infecção na garganta ou meningite e identificar o risco de febre alta na saúde de um bebê: nada disso pareceu familiar a 46% dos que se candidataram ao exame.

O quadro tem origem na disseminação, que alguns poderiam chamar de infecciosa, de cursos de medicina sem qualidade pelo território nacional. Chancelados, diga-se de passagem, pela liberalidade, que não custa classificar de tóxica, do Ministério da Educação.

O pior paciente, sem dúvida, é aquele que se recusa ao tratamento. Estudantes há, para nada falar das instituições de ensino, que contestam ou boicotam a realização da prova do Cremesp.

Contentam-se em exibir o diploma de médico - que, em matéria de riscos para o paciente, deveria talvez trazer inscrito, como nos laudos de exame clínico, a sucinta informação de que o resultado deu positivo.






Exame reprova quase metade dos estudantes de medicina de SP

NATÁLIA CANCIAN
REYNALDO TUROLLO JR.

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma prova aplicada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) revelou que 46% dos estudantes do último ano do curso em São Paulo não estão preparados para exercer a profissão.

Em 2011, 418 estudantes se inscreveram para participar da prova, que é opcional. Destes, 191 - pouco menos do que a metade - foram reprovados.

Na prática, os resultados mostram que os formandos não sabem atividades básicas, como ler radiografias e fazer um diagnóstico correto. A maioria também indicaria o tratamento errado para problemas como infecção na garganta, meningite, sífilis e outros.

A prova continha 120 questões objetivas distribuídas em nove áreas de estudo. Segundo o Cremesp, os resultados mostram que os estudantes têm dificuldade até mesmo em áreas essenciais da medicina, como clínica médica (em que os alunos erraram 43,5% das questões), obstetrícia (45,9% de erros) e pediatria (40%).

A área que teve as menores notas nas questões foi saúde pública (com 51% das questões erradas).

A exame do Cremesp é aplicado desde 2005. Ao todo, 4.821 formandos participaram da prova nos últimos sete anos. Destes, 2.250 alunos foram reprovados.

O presidente do Cremesp, Renato Azevedo, avalia o resultado como preocupante. "Não é uma prova para especialistas. São questões básicas", afirma. "Se você é atendido por um médico que não tem formação adequada, é um risco à sua vida".

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