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02/06/2014

Frases para a vida

Flor, pétalas brancas, campo, céu azul, Primavera, close-up Vetor
(pt.forwallpaper.com)

“Há um comportamento comum, daqueles que caminham no cotidiano, de substituírem as figuras significativas com as quais nós estabelecemos uma relação emocional, afetiva ou espiritual. É uma tendência fazermos isso como uma forma de vivermos melhor. Por isso, é importante que a gente responda: o que você faz com aquelas pessoas que se ausentam da sua vida? Quais outras pessoas você tenta colocar no lugar dessas que faltam? O que você faz, quando você tem uma perda muito grande com esse buraco que essa perda estabelece? Nós observamos no mundo que, quando um ídolo se ausenta, morre, a humanidade tenta buscar outro para colocá-lo no mesmo lugar. É justo que nós nos perguntemos, para que nós possamos, melhor conhecendo-nos, avaliar como é que nós estamos lidando com perdas, com essas ausências de afetos, de uma mãe, de um pai, de um filho, de um esposo, de um amigo, alguém que se foi pelas vias da desencarnação e subitamente... um pai que se ausentou por uma doença cerebral, um filho que de repente faleceu ou então um afeto muito querido que rompeu com o relacionamento, um amigo que abandonou você... Como é que você faz? Como é que é a sua escolha para trabalhar essas perdas monumentais, que se estabelecem no seu mundo íntimo? Nós, ao invés de buscarmos um olhar que pudesse nos fazer prospectar para um crescimento e para um aprendizado, habitualmente nós incorremos num hábito que se repete no cotidiano. Ao invés de substituirmos positivamente alguém que se ausentou, nós substituímos infantilmente, impulsivamente, literalmente, alguém que se foi, alguém que se ausentou e, simplesmente, criamos uma zona de sofrimento. Diante de alguém que se vai, que se ausenta... é muito importante aprender a lidar com o luto, o luto psicológico, o luto que vai fazer com que emocionalmente nós possamos nos refazer, um luto que é o tempo que eu preciso para poder refazer a minha vida com a ausência daquela figura significativa, que de repente se distanciou de mim pelas vias naturais da desencarnação ou então pelo circuito das escolhas. É importante fazer isso para que possamos lidar com esse vazio que se estabelece, preenchendo-o adequadamente, para poder lidar com a frustração e podermos superá-la sem o desequilíbrio que possa nos deixar marcas mais profundas. É necessário que abramos esse espaço, sob pena de incorrermos numa atitude infeliz, que é uma tentativa de substituição literal daquela pessoa que se ausentou, de uma forma apressada, impulsiva, tentando colocar uma outra pessoa no seu lugar, exatamente no seu lugar, como se fosse um sósia, um cover, um homônimo, na tentativa de anestesiar a nossa dor, de preencher o buraco, de evitar que a frustração, a decepção, nos doa tanto. Esse fenômeno de podermos lidar desengonçadamente com essas situações de vida e buscarmos essa substituição literal tem nos fornecido sofrimentos incontáveis. Um filho que se foi, eu faço apressadamente um movimento de adoção inconsequente, irrefletido... Uma criança que eu perdi no ventre, que não chegou a nascer, segue-se logo outro filho biológico e eu lhe atribuo o mesmo nome, na tentativa logo de cobrir aquela falta... Estas e outras formas de tentar lidar com essas dificuldades resultam no agravamento do problema. O que fazer então? É impossível que essas medidas possam resultar em aproveitamento e em êxito, porque há uma confusão no que tange ao lugar que essas pessoas ocupam no nosso coração e a função que elas desempenham no relacionamento conosco. Esse processo é muito conflituoso, doloroso, porque Deus nos criou singularmente. Cada pessoa é única no mundo, irrepetível. Não há fotocópia. Cada relação é absolutamente única e singular. Logo, quando nós tentamos enquadrar o outro no lugar que não é o dele e ele tenta se acomodar nesse lugar para nos satisfazer, apenas estamos gestando um processo conflituoso que o tempo haverá de revelar. É verdade que temos que preencher um vazio, superar a dor, equacionar o sofrimento... E é verdade que podem surgir novas pessoas... Mas quem chega não ocupa o mesmo lugar. Ocupa a mesma função, o que é um pouco diferente. O outro é o outro. Cada filho é um filho. Essa relação mãe e filho, pai e filho... tem que ser personalizada, ela tem que ser distinta, específica, para aquela nova relação”. 
(Médico Psicoterapeuta, Alberto Almeida)

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