Darci Mendonça Gonçalves, ela passou na prova da OAB aos 71 anos de idade - Editoria: Cidades
Foto: Ricardo Medeiros
Mesmo após concluir a faculdade de Direito aos 70 anos de idade, dona Darci Mendonça Moreno não parou de estudar. Ela atribui à sua rotina diária de estudos o fato de, hoje, aos 71 anos, estar entre os aprovados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Dos cerca de 114 mil inscritos no país, apenas 10% passaram no teste. O resultado foi divulgado na semana passada. Após checar na internet que havia sido aprovada, a primeira coisa que fez foi avisar os amigos no Facebook – rede social que acessa todos os dias.
Mãe de uma filha e avó de uma neta, Darci diz que sempre contou com o apoio da família. “Elas ficaram muito felizes”, contou a advogada, que mora sozinha em Jardim Camburi, Vitoria.
Dona Derci conta que nunca fez cursinho, pois, já que não trabalha, conseguiu ter a disciplina necessária para estudar. Mas a sua familiaridade com as provas começou muito antes, desde quando ela se aposentou pela primeira vez.
Ex-professora primária, também trabalhou como secretária executiva. E conta que, após 30 anos de serviço, ficou um ano fazendo tudo aquilo que não teve tempo de fazer antes, como viajar. Depois, começou a estudar para concursos.
Estudiosa
Darci passou em três concursos públicos, como o do Tribunal de Contas do Espírito Santo, mas optou pela Justiça Federal, onde ficou por 14 anos. “Como eu atuava na Vara de Execução Fiscal, senti que precisava do Direito.”
Assim, aos 65 anos, começou a fazer faculdade, pela primeira vez. Ela ia às aulas de manhã e trabalhava à tarde. Como trabalho de conclusão de curso, descreveu processos eletrônicos. “Hoje, os advogados mandam as petições pela internet. No futuro você não vai mais achar prateleiras de processos, cheias de papéis.”
Aos 70 anos, ela foi aposentada compulsoriamente. Dona Derci, inclusive, defende a chamada Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Bengala, que propõe aumentar para os 75 anos a idade máxima para a aposentaria compulsória dos juízes. “Eles estão no auge da sabedoria, ainda podem trabalhar.”
Como não pode mais fazer concursos por conta da idade, ela pretende advogar voluntariamente na Justiça Federal, um serviço oferecido para pessoas que não podem pagar um advogado. (Cristiana Euclydes)
Fonte: A Gazeta