Gláucio Dettmar/ Agência CNJ
Conselheiro Bruno Dantas
Daniel Favero
A Fifa
tenta barrar a instalação de juizados dos torcedores dentro dos estádios que
serão usados para a Copa das Confederações. A federação alegou ao Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) que não teria espaço para as audiências e poderia
também prejudicar o esquema de segurança, uma vez que é necessária a presença
de advogados, defensores públicos, juízes e promotores nas audiências. As
exigências não foram bem recebidas pelo judiciário. Segundo os relatos, na
última reunião que teve no CNJ, a entidade máxima do futebol chegou a oferecer
barracas no lado de fora das instalações para atender a demanda. A proposta
revoltou integrantes da Justiça envolvidos na organização, pois todas as arenas
do torneio têm espaços destinados para os juizados. Nas últimas semanas,
inclusive, os juízes que deverão trabalhar durante a competição haviam visitado
as novas instalações.
A
posição da Fifa vai de encontro ao Estatuto do Torcedor, pois os juizados
dentro dos estádios estão previstos em lei. Os órgãos funcionam durante as
partidas para solucionar rapidamente casos de delitos de menor gravidade com
aplicação de penas sem privação de liberdade, prestação de serviços
comunitários ou pagamento de multas. Em ocorrências mais graves, a pessoa deixa
o estádio denunciado e o processo corre nas varas comuns.
Oficialmente,
o Conselho não dá mais detalhes sobre as exigências feitas pela Fifa. Nos
bastidores, no entanto, o impasse entre a federação e o CNJ deve ser resolvido
nos próximos dias. Caso se confirme, a proibição da instalação dos
juizados pode frustrar os planos do judiciário brasileiro, que aposta nas
conciliações e acordos (de transação penal) para evitar que as demandas
judiciais surgidas no evento terminem por se empilhar nas varas em processos
demorados e complicados.
Para
fins estatísticos, ficou determinada em reunião do CNJ, que será criada uma
nova classe processual, que não terá mudanças na tramitação dos processos,
diferente do que aconteceu na África do Sul, sede da Copa de 2010, onde foram
criadas 54 cortes especiais, com o a atuação de 1.140 servidores, 35 técnicos
jurídicos e 93 intérpretes. Os números brasileiros ainda não estão fechados,
uma vez que os detalhes do trabalho jurídico ainda estão sendo finalizados.
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