“A nossa felicidade depende mais do que temos nas
nossas cabeças, do que nos nossos bolsos”.
(Filósofo alemão, Arthur
Schopenhauer)
“As atrocidades da II Guerra Mundial geraram na
Alemanha um movimento de reforma radical das Teologias tradicionais, que se
projetou nos Estados Unidos e vem penetrando sutilmente em toda a América, através
de traduções de livros dos novos teólogos, que anunciam a morte de Deus e
pregam a novidade do Cristianismo Ateu. Os teólogos mais uma vez se enganam. A
teoria da Morte de Deus, que eles procuram inutilmente explicar como um
acontecimento atual, do nosso tempo, nunca se verificou nem pode verificar-se.
Deus não é um ser nem é mortal, porque é o Ser Absoluto, o Bem, segundo Platão,
a Ideia Suprema de que derivam todas as ideias e, portanto, todas as coisas e
todos os seres. Os teólogos da chamada Teologia Radical da Morte de Deus, e
seus companheiros de outros ramos teológicos subsequentes, sofrem de um
processo de alucinação por transferência. Quem está morrendo não é Deus, são
eles mesmos e suas Teologias, eles e as Religiões formalistas e dogmáticas. A
concepção nova de Deus, que nasce dos escombros da concepção antropomórfica do
passado, é a de uma Inteligência Cósmica que preside a toda a realidade
possível. Os cosmonautas soviéticos, depois de umas voltas ao redor do grão de
areia da Terra, declaram eufóricos que Deus não existe, pois não tiveram o
prazer de encontrá-lo nos microscópicos subúrbios do nosso planeta. Fizeram como
o estudante de Eça de Queiroz, em A Cidade, que, para provar a
inexistência de Deus, tirou o seu relógio patacão do bolso do colete, diante de
colegas, e deu o prazo de alguns minutos para que Deus o fulminasse. Como não
foi fulminado, declarou que estava provada a inexistência de Deus e guardou o
patacão no bolso. Essas piadas servem apenas para mostrar-nos o estado de ignorância
em que ainda nos encontramos; e para provar, isso sim, que estamos mortos em
nossa estupidez diante da grandeza do Cosmos. Dizer que Deus morreu é como
dizer que a vida se extinguiu. O fato de estarmos vivos e fazermos essa
afirmação já prova o contrário. Certas pessoas opiniáticas, muito ciosas de si
mesmas, costumam dizer que Deus não existe porque ninguém pôde provar a sua
existência. A própria Ciência ensina que a causa se prova pelo efeito.
Basta-nos olhar uma flor ou um grão de areia para sabermos que Deus precisa
existir, que existe necessariamente. O que não podemos aceitar é o Deus das
religiões, porque esse Deus – ilógico e absurdo, como dizia Aristides Lobo –
pertence a um passado remoto em que a humanidade necessitava dele. A essência
da Religião constitui-se de apenas um núcleo e uma partícula, como o átomo de
hidrogênio. O núcleo é a ideia de Deus e a partícula o sentimento religioso. A Religião
verdadeira,que jamais agonizou e nunca morre, tem nesse átomo simples e puro a
sua raiz simbólica”.
(Jornalista,
Filósofo, Parapsicólogo, Educador e Escritor, José Herculano Pires)
“Para
livrar a Religião da pulverização sectária é indispensável libertá-la do
formalismo dogmático, do profissionalismo religioso, do fanatismo igrejeiro. Se
quisermos salvar a Religião, nesse maremoto das transformações que afligem os
passadistas, façamos urgentemente a liquidação das religiões em agonia e
mandemos os seus artigos de fé, seus ícones e suas medalhas para o Museu do
Homem, como simples testemunhos de um tempo morto. Tudo isso é aflitivo para os
espíritos rotineiros e acomodatícios, como a mensagem cristã era escândalo para
os judeus e espanto para gregos e romanos. Mas os espíritos flexíveis,
corajosos, lúcidos, empenhados na busca da Verdade – essa relação direta do
pensamento com o real – não se atemorizam, antes se rejubilam com a libertação
do homem. Esta é a verdade flagrante do momento que vivemos: o homem se liberta
de seus temores, da ilusão de sua fragilidade existencial, do confinamento
planetário, do embuste e da hipocrisia, para viver a vida como ela é, na plenitude
das suas potencialidades corporais e espirituais. O homem se emancipa e toma
consciência da sua natureza cósmica. Diante dele está o futuro sem limite, a
imortalidade dinâmica e demonstrável que se opõe ao conceito limitado da
imortalidade estática e hipotética. Sua herança não é o pecado nem a morte, mas
a vida em nova dimensão”.
(Jornalista, Filósofo, Parapsicólogo, Educador e
Escritor, José Herculano Pires)
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