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“Meu
querido papai, minha querida mãezinha e meus irmãos. Peço a bênção de Deus para
nós todos. Dias cobrem os dias e até as coisas que conhecemos na Terra se
superpõem umas às outras, dando a ideia de que o esquecimento domina tudo.
Dizemos "tudo passa", entretanto, meus amados, "tudo fica",
porque os negativos fotográficos estão incrustados no gabinete da memória e
basta querer para que as imagens se reproduzam com todos os traços que desejamos
lembrar e até mesmo com aqueles outros que possivelmente não quereríamos rever.
Todos os nossos estão comigo, como se eu vivesse no cinema da saudade, embora
com os filmes da juventude presente, repletos de esperanças e de sol. Papai, eu
sei que o senhor desejava minhas notícias. Penso que pela intuição, o senhor e
a mamãe sabem tudo. A queda era verdadeira e a perda do corpo não menos certa. Eu
sabia que esse "nunca mais" se referia ao corpo e não a mim, o espírito
imortal que sobreviveria ao desastre, mas, ainda assim, o gosto de adeus é por
demais amargo para que a gente o sinta sem chorar... Chorei, dentro de uma imobilidade
que eu não saberia descrever, e, em seguida, notei que mãos de enfermagem me anestesiavam.
Era o sono, o sono da bênção, porque, entre a morte do corpo e o renascimento
na Vida Espiritual, Deus colocou um desmaio providencial. Vi-me em outra cidade
diferente da nossa e sentia-me ligado espontaneamente a todos os que me vigiavam
com ternura. Ouvi as preces da mãezinha. As lágrimas do senhor e da minha mãe
caíam sobre minha alma como se fossem gotas de algum ácido que me queimava por
dentro todas as energias do coração. Mas a prece veio por brisa de amor apagar
o fogo do sofrimento que lavrara. A conformação perante as Leis de Deus nos
instilava vida nova e fui melhorando. O serviço a fazer, graças a Deus, tem
crescido para a nossa felicidade, não que desejamos venham os outros a
precisarem de nós, mas pela oportunidade de aprendermos a ser útil, precisando
muito mais deles do que eles de nós. Aqui reformulei o que eu pensava da
caridade. Aquele que nos recebe com amor nos dá sempre muito mais do que
qualquer valor que lhe possamos oferecer. Só o bem permanece nas recordações
que ficam, porque só o bem fornece alegria bastante para ser recordado.
Agradeço a mãezinha esse silencioso amor, recheado de saudade que recebo todos
os dias. Não choramos pela separação assim como quem caminha sem rumo, mas
sentimos a ausência com aquela certeza de reencontro que tanto mais dói, quanto
mais demora a acontecer. Estamos, contudo, com Deus e em Deus. Continuaremos em
nosso intercâmbio, agradecendo a JESUS a felicidade de crer e o dom de esperar
sem desesperar. Queridos paisinhos e queridos irmãos agradeçam por mim os
amigos que me toleraram, escrevendo esta carta de filho saudoso. Queridos meus,
recebam o coração do filho reconhecido e do irmão que não os esquece. Seja a
bênção de Deus com todos vocês, e que as estrelas da Paz e da União continuem
enfeitando a nossa casa por dentro, para que o nome de JESUS seja sempre para
nós todos uma luz e uma bênção, são os meus votos, votos do coração do filho e
irmão reconhecido”.
(Carlos Alberto Andrade Santoro por Chico Xavier)
“Entre a morte do corpo e o renascimento na Vida Espiritual,
Deus colocou um desmaio providencial”.
(Carlos Alberto Andrade Santoro por
Chico Xavier)
“Aquele que nos recebe com amor nos dá sempre muito mais do
que qualquer valor que lhe possamos oferecer”.
(Carlos Alberto Andrade Santoro
por Chico Xavier)
“Só
o bem permanece nas recordações que ficam, porque só o bem fornece alegria
bastante para ser recordado”.
(Carlos Alberto Andrade Santoro por Chico Xavier)
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