O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) fez o seu primeiro discurso no Senado Federal nesta terça-feira (08), graças ao senador Cícero Lucena (PSDB) que cedeu a inscrição para o colega.
No discurso o ex-governador fez questão de se defender das acusações feitas ontem pelo ex-senador Wilson Santiago, que o havia chamado de Ficha Suja e insinuado corrupção. “Posso dizer em bom som: mais que uma ficha limpa eu tenho uma vida limpa”, disse.
Cássio explicou porque teve o mandato cassado, afirmando que a Justiça Eleitoral entendeu que um programa, segundo ele equivalente ao Bolsa Família, implantado pelo seu governo, teria influenciado nas eleições de 2006.
Confira abaixo o discurso do tucano:
“Louvo a Deus por viver esse instante. Agradeço aos paraibanos que me permitiram chegar até aqui. Comecei minha vida pública, (digo) nesta palavra inaugural e de improviso, com 23 anos de idade na Assembleia Nacional Constituinte. Fui prefeito de Campina Grande por três mandatos. Governei a Paraíba por duas oportunidades. Estive na Câmara Federal em outro momento e durante o período do governo de Itamar Franco fiquei a frente da SUDENE. Durante toda essa trajetória acumulei experiência e vivências que espero trazer para essa Casa. Nessa tribuna que já foi usada por meu tio Ivandro da Cunha Lima e por meu pai, Ronaldo da Cunha Lima.
Venho aqui para anunciar aos meus pares, ao presidente da Casa, Cícero (o tucano substituía momentaneamente Sarney) e ao Brasil, que chego com a consciência tranquila. Lastreado pela minha trajetória. Posso dizer em bom som: mais que uma ficha limpa eu tenho uma vida limpa.
Ao longo desses 18 anos não sofri uma única condenação por improbidade administrativa, não tenho uma única imputação de débito do TCU ou TCE. Todas as minhas contas foram aprovadas. O que me permite dizer com toda a tranquilidade que mais que uma ficha limpa, tenho uma vida limpa.
Sofri uma condenação no âmbito do TRE-PB por conta de um programa social muito semelhante ao Bolsa Família, que numa interpretação equivocada da justiça eleitoral compreendeu que esse programa interferiu no resultado das eleições e por essa interpretação perdi o meu mandato.
Lembrando que disputei quatro eleições para a Paraíba em dois turnos em 2002 e 2006, nessas quatro eleições o povo da Paraíba me elegeu governador daquele estado. Chego a essa casa com 1 milhão de votos. Tendo feito uma campanha em oposição ao Governo Federal, ao governo do estado, em oposição a minha principal base política que é campina grande. Oposição aos três níveis, federa, estadual e municipal, e chego com mais de 1 milhão de votos.
É preciso tomar muito cuidado ao abordar os temas referentes a lei de ficha limpa, para que eu não pareça um ressentido, um rancoroso, mas de todas as reflexões que quero trazer a esta casa, tenho certeza que uma delas ira calar fundo: não há democracia fora do alcance popular. Por um lapso, por um equivoco, produzimos uma legislação que transferiu ao poder judiciário o condão de escolher os representantes do povo... Por mais honrado que sejam os magistrados, juiz nenhum pode substituir o povo na escolha de seus representantes”.
Neste momento Cássio concedeu o aparte ao senador Aécio Neves (PSDB) que se mostrou solidário e deu as boas vindas ao tucano, mas lembrou também Wilson afirmando que ele fez um mandato correto e sai apenas por uma determinação da Justiça.
Cássio retoma fazendo uma retificação no discurso de Aécio Neves.
“Wilson deixou esta Casa não apenas por uma decisão da justiça, mas pela decisão soberana do povo da Paraíba que não o elegeu senador".
De forma a cumprir o compromisso inicial de uma breve palavra agradeço ao presidente Cícero Lucena por essa fala inicial. Em outros momentos estarei ocupando a tribuna para esclarecer a minha trajetória e tirar eventuais dúvidas sobre a minha conduta e meu procedimento.
Quero agradecer a Sérgio Guerra (presidente nacional do PSDB) que me transmitiu solidariedade nessa travessia. Eu tenho certeza que esse episódio da minha vida que se encerra nessa sessão, marca-me de forma profunda. Momento de dor e sofrimento, de noites longas e mal dormidas, mas que traz um válido aprendizado. Conservei a fé, mantive o comportamento sempre muito prudente, sereno, tranquilo diante dos fatos, acreditando firmemente que esse dia chegaria. E chegou. Pela decisão do povo da Paraíba, pela renovação da credibilidade das nossas instituições.
A Paraíba me tomou pelas mãos como uma mãe pega o seu próprio filho... aos paraibanos trago a palavra final de agradecimento porque foi graças ao apoio de Silvia, Diogo, Marcela, Pedro, meus irmãos, Ivandro e meu pai Ronaldo Cunha Lima e na fé que conservei em Deus.
Dedico ao poeta Ronaldo esse momento. À sua trajetória honrada, digna, que me serve como referência, bússola e como norte. Tenho profundo orgulho de tê-lo como pai. Um humanista e poeta de conduta reta e ilibada.
Hoje vence a democracia porque prevaleceu a soberania do voto popular, vence as instituições pela crença nessa democracia que nós ajudamos a construir. Espero ser digno da confiança da Paraíba e da confiança aqui manifestada pelos meus pares.
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