Seguem, adiante, trechos do artigo escrito pelo advogado LEONARDO BARÉM LEITE na revista Prática Jurídica de março/2011.
Boa leitura!
Leonardo Barém Leite
Advogado em São Paulo, sendo sócio do escritório Demarest e Almeida-Advogados, onde ingressou em 1987, como estagiário, sendo atualmente integrante da área empresarial, atuando como responsável pelo depto. de tecnologia, internet e e-commerce e membro dos departamentos de societário; fusões e aquisições (M&A); criação de negócios; Joint Ventures, operações estruturadas e reorganização societária; contratos; propriedade intelectual; PPP; recuperação de empresas e responsabilidade social (terceiro setor). Formado em direito, com concentração em direito empresarial pela Faculdade de Direito da USP, especializou-se, logo em seguida, em administração e em economia de empresas pela EASP-FGV. Mais tarde, cursou mestrado em direito norte-americano na New York University School of Law, em NY/USA e depois trabalhou como advogado estrangeiro no escritório norte-americano Sullivan & Cromwell, em NY, nas áreas de securities, aquisições, privatização e outras, atuando em projetos no Brasil e em diversos países da América Latina e da Europa. Retornando ao Brasil, especializou-se em Direito Empresarial pela Escola Paulista da Magistratura e em Gestão de Serviços Jurídicos pela EAESP-FGV. Cursou diversos outros cursos de especialização e participa ativamente de eventos, seminários e congressos no Brasil e no exterior. É membro atuante e integrante do conselho de diversas entidades nacionais e estrangeiras, bem como palestrante e professor convidado em diversas instituições e faculdades e articulista.
Por muitos séculos, os escritórios de advocacia não se preocuparam com seu “tamanho” e a maioria era formada por apenas um profissional. Nos últimos anos, porém, os “rankings”, “tendências” e assim por diante têm distorcido a realidade anterior e confundido como vemos essa questão.
(...)
Em grande parte por influência externa de outros países, alguns modismos foram internalizados: chegaram os “rankings”, as pesquisas, as publicações, os critérios de melhor ou pior, de certo ou de errado e assim por diante.
(...)
Entendemos que todos temos que admitir que um ponto importante nessa questão decorre dos egos e das vaidades dos seres humanos e, em nosso caso, dos egos e vaidades dos advogados.
(...)
Assim, se nem sempre o tamanho do escritório é determinante do fato desse mesmo escritório atender grandes ou pequenos clientes (ou, ao menos, nem sempre esse fator é o principal), o mesmo ocorre com a relevância e o porte dos assuntos a seu cargo (causas ou projetos) e mais ainda com a questão dos honorários. E, por sua vez, somos da opinião de que nem mesmo a “fidelidade” do cliente é diretamente ligada ou proporcional a tais fatores.
Em muitos casos, os conceitos de tamanho e qualidade podem caminhar juntos, mas temos convicção de que essa não é uma verdade absoluta e, na maioria dos exemplos, não existe nenhuma relação necessária entre porte/tamanho e qualidade, assim como igualmente não existe relação obrigatória e absoluta da qualidade com a localização geográfica do escritório, sua idade, seus honorários, e assim por diante. Defendemos que esses fatores podem ou não andar juntos.
(...)
Muitos estudiosos da gestão jurídica, entre eles este autor, entendem que o bom cliente tanto pode ser um cliente grande quanto um pequeno, e que esse conceito depende de vários outros fatores com a confiança, “clima” entre as partes, fluidez dos assuntos e do relacionamento, fidelidade, constância de trabalho, facilidade de negociação de honorários, liberdades recíprocas e tantos outros.
Ou seja, a pseudocerteza de que para atender bons clientes e ter bons resultados é preciso ser necessariamente grande pode realmente ser uma grande ilusão.
(...)
Sob outra ótica, sustentamos que, quanto maior seja o escritório, normalmente, existem algumas certezas e muitas dúvidas, pois entre as certezas teríamos a de que quanto maior o escritório, maiores são as equipes, a quantidade de pessoas, a complexidade das equipes, os custos, os conflitos, os desafios da gestão etc., ao passo em que questões como aumento de faturamento, rentabilidade, status, porte dos processos e projetos etc. podem ser apenas dúvidas ou possibilidades.
Muitos casos concretos têm demonstrado que, na maioria das vezes, o segredo está na perfeita relação entre tamanho e complexidade do trabalho e entre custo, faturamento e rentabilidade. E tudo isso nem sempre aponta na direção da grande estrutura.
Grandes escritórios têm, além de maior complexidade, custo etc., certas obrigações impostas pelo mercado que nem sempre fazem sentido ou são verdades, mas que passam a ser prisões de tais escritórios, como, por exemplo, as obrigações de ter sempre os melhores, mais bem preparados (e, consequentemente, caros) advogados, todas as áreas (independentemente de “fazerem sentido” ou serem rentáveis), atuarem no País todo (para não dizer mundo), terem os maiores e melhores equipamentos e sistemas, bem como instalações etc. E tudo isso distorce ainda mais a eficiência, a produtividade, o faturamento e a rentabilidade.
Por conta desses e de outros fatores, propomos que são os resultados dos escritórios que devem ser idealmente altos e grandes, e não os escritórios em si e suas estruturas.
Todos nós conhecemos escritórios pequenos que são muito bem sucedidos, respeitados e rentáveis, e da mesma forma escritórios grandes que não tem a mesma sorte e muito menos a mesma rentabilidade.
Como se não bastasse, parece ser tendência atual de que as empresas preferem, em muitos casos, trabalhar com escritórios pequenos, menores, entre outras razões, para tentarem gastar menos com honorários, para terem atendimento mais personalizado, para serem proporcionalmente mais valorizados nos escritórios etc.
Como resultado, procuramos lutar contra o “efeito manada” ou os modismos, defendendo que cada escritório, em função de sua realidade e de sua estratégia, procure identificar e perseguir o tamanho ideal, e que seu planejamento estratégico, cultura e objetivos sejam norteados na mesma direção. E não que pensem desta ou daquela forma apenas porque “todo mundo pensa ou age assim ou assado”.
Repetimos, portanto, que muitas vezes, tamanho, realização e resultados não têm nenhuma correlação entre si.
Nossa proposta é: pense bem, o que precisa ser grande, seu escritório ou seus resultados?
Boa reflexão!
FONTE: Prática Jurídica – ANO X – Nº 108 – MARÇO/2011
0 comentários:
Postar um comentário