Ludwig van Beethoven
É considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento, tanto da linguagem, como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos. "O resumo de sua obra é a liberdade," observou o crítico alemão Paul Bekker, "a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida". (Wikipédia)
Augusto Cury
(Do livro ‘Filhos Brilhantes, Alunos Fascinantes’)
“Quando os sonhos nos controlam, os surdos podem ouvir melodias, os cegos podem ver cores, os derrotados podem encontrar energia para continuar”
Um dos gênios da música, Beethoven, se deliciava ao som do piano. Sua genialidade musical alçava vôos como as águias sobre montanhas e penhascos. O jovem Beethoven não precisava de grandes somas de dinheiro para ser feliz, queria apenas uma audição finíssima e um piano para compor suas músicas.
Tudo parecia sem atropelos em sua vida. Entretanto, o grande compositor que voava sobre as mais altas montanhas da criatividade sentiu-se rastejar pelos vales mais profundos da ansiedade. O que parecia impossível aconteceu: Beethoven começou a ficar surdo. Certa vez, ao pressentir que não distinguia algumas notas, ficou perturbado. Tentava massagear seus ouvidos para ouvir melhor, mas não havia melhora.
Procurou ajuda, mas pouco a pouco seus ouvidos entravam num indecifrável silêncio. Quando seus amigos o chamavam por detrás e ele não os ouvia, entrava em crise. O mundo desabou sobre o gênio da música.
A música inspirava sua vida, encantava sua emoção, irrigava sua inteligência e acalmava sua ansiedade. A perda era irreparável. À medida que os sons ficavam distantes, Beethoven se distanciou do prazer de viver. Isolou-se, angustiou-se, abateu-se.
Os recursos médicos ineficazes o levaram a uma profunda crise depressiva. Seus pensamentos agitaram-se como ondas rebeldes num mar bravio. Sua emoção tornou-se um céu sem luar, uma manhã sem pássaros a cantarolar. O mestre da música perdeu o sabor pela existência. Nada, nem ninguém, o animava. Deixar de ouvir músicas e compô-las era tirar-lhe o chão para caminhar, o ar para respirar. Beethoven, assim, cogitou em desistir de viver.
Certa vez, num estado de desespero, ele colocou a cabeça sobre o peitoral do piano e gritou: "Não! Não é possível!". Ergueu a cabeça e começou a tocá-lo, mas nada ouvia. De repente, quando a emoção de Beethoven estava asfixiada e parecia não haver mais esperança, o gênio da música resolveu virar o jogo e te tornar o gênio da vida. Determinou deixar de ser vítima dos seus sofrimentos e lutar pelos seus sonhos.
Algo brilhante aconteceu. No momento em que todos pensavam que seus sonhos tinham sido sepultados pelo inquietante silêncio da surdez, Beethoven decidiu enfrentar suas limitações e superar sua condição miserável. Apesar de o mundo ter desabado sobre ele, escolheu sobreviver. Decidiu não ser escravo da surdez e de seu desânimo... — Muitos deixam de acreditar na vida quando passam por crises emocionais, sofrem perdas, atravessam dificuldades e desprezos ... — Mas, Beethoven, embora controlado por um forte sentimento de incapacidade, muito maior que o seu, ..., procurou superar-se. Procurou um sentido para a vida. Por incrível que pareça, a coragem e a sensibilidade dele o levaram a fazer o que ninguém jamais havia tentado fazer: compor músicas, apesar de surdo...
Os amigos acharam loucura a atitude de Beethoven, fruto de quem está completamente derrotado e perturbado. "Beethoven deve estar delirando!", alguns pensavam. Parecia impossível.
Um surdo desejar compor músicas é como um cego desejar pintar uma paisagem. Loucura! Todavia, aconteceu algo inimaginável. Com uma garra incansável, aprendeu a transformar seu caos num ambiente de refinada criatividade. Beethoven aprendeu a ouvir o inaudível.
O mestre da música colocava os ouvidos sobre os solos e os objetos e ouvia as vibrações das notas que dedilhava ao piano. No começo, tudo parecia confuso, não distinguia as notas. Mas, à medida que treinou seus ouvidos, as vibrações começaram a estabelecer uma relação com as notas musicais arquivadas em sua mente, que, por sua vez, abriram os arquivos da sua memória, dirigindo, assim, sua inventividade.
Desse modo, o inacreditável começou a acontecer. Com indescritível habilidade, Beethoven compôs belíssimas músicas apesar da surdez. Foi nesse período que ele compôs uma das suas obras mais famosas: a 5a Sinfonia.
(...)
— Quando os sonhos nos controlam, os surdos podem ouvir melodias, os cegos podem ver cores, os derrotados podem encontrar energia para continuar. Quando não havia solo para caminhar, Beethoven caminhou dentro de si mesmo, não desistiu da vida, ao contrário, exaltou-a. Os sonhos venceram. O mundo ganhou.
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— E vocês, sabem virar o jogo ou são especialistas em lamentar-se?
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— Não se coloquem como vítimas da vida. Não se posicionem como miseráveis sem sorte e sem apoio das pessoas. Caso contrário, serão sempre frágeis e inseguros. Estou perplexo com a fragilidade da geração Harry Potter... — Não estou criticando a saga de Harry Potter, estou criticando a falta de proteção emocional dos jovens que amam a fantasia, mas não sabem lidar com fatos concretos. Muitos não sabem atravessar crises, pedir desculpas, falar dos seus sentimentos. Alguns se desesperam quando a namorada os abandona, outros quando um amigo os deixa e ainda outros quando passam por uma frustração.
(...)
— A sociedade nos prepara para o sucesso e não para enfrentar os fracassos...
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Bons jovens se preparam para o sucesso. Jovens brilhantes se preparam para as derrotas. Eles sabem que a vida é um contrato de risco e que não há caminhos sem acidentes. Portanto, têm consciência de que ninguém é digno do pódio se não usar suas derrotas para conquistá-lo.
VÍDEOS:
Quinta Sinfonia de Beethoven, Primeiro movimento (Allegro com brio), conduzida pelo maestro Leonard Bernstein. Orquestra Sinfônica da Baviera, Alemanha.http://www.youtube.com/watch?v=z1XL6PV9p18&feature=player_embedded#at=99
Nona Sinfonia de Beethoven, regida pelo maestro Leonard Bernstein, no Concerto de Natal de 1989, em Berlim.
(1ª parte)
(2ª parte)
(3ª parte)
(4ª parte)
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